por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Joaquim Nabuco, imagem da Internet

As eleições para prefeito aqui em São Paulo, neste 2012, poderiam ser, na TV, um espetáculo emocionante. Afinal, três candidatos embolados, quase empatados, sendo que um deles liderava com folga e recuou; um outro que começou pontuando nada e só subiu, subiu, subiu... Tudo isso é um prato cheio para os comentaristas políticos.
No entanto, diferentemente do que acontecia nas eleições das duas últimas décadas, de 1985 (a primeira pós ditadura) até 2005 eu diria, havia acirrados debates entre os jornalistas especializados, comentaristas e políticos convidados, em mesas redondas nas diversas emissoras de TV. Mesmo em eleições mornas, como aquelas em que todo mundo sabia qual seria o resultado.
Não é absolutamente o caso das eleições 2012.
Embora haja emoção de sobra, não apenas no cenário das eleições municipais em São Paulo, mas também em Palmas, Belém, Curitiba, Recife, Salvador... só o canal pago Globonews está, o dia todo, numa maratona de cobertura e discussão das eleições municipais. As TVs abertas se restringem a, no máximo, boletins por entre a programação normal.
Desavisadamente poderíamos pensar: “O Povo está cada vez mais alienado”, por isso não se interessa em comentar e discutir as urnas, assim as TVs oferecem apenas a programação normal.
A segunda parte é verdade. Há pouco interesse. Mas não por alienação. Por desencanto. Temos no mínimo duas gerações de brasileiros criados dentro da descrença aos políticos. Política virou sinônimo de malandragem pra muita gente, muita gente mesmo.
Só espero que a turma do mensalão não acabe como acabaram os – alguém se lembra? – anões do orçamento. Só espero que realmente esteja começando um movimento para afastar os fichas sujas e espero ainda estar viva para ver o Brasil vivendo a democracia e a recuperação da verdadeira arte da política.
Como queria Joaquim Nabuco que possamos viver não apenas as lutas partidárias, mas “aquela política que é História”.
2012, outubro, 07
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