por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano

“Ibirá” quer dizer árvore e “Puera”, o que já foi. Parece profético: lugar onde havia árvore.Mas há quem diga que o nome, em tupi-guarany, vem de Ypy-ra-ouêra, que significa árvore apodrecida.
José Pires do Rio era o prefeito de São Paulo que, no final da década de 1920, imaginou transformar uma área da cidade, onde outrora existiam chácaras e pastagens, num parque como o Bois de Boulogne, em Paris ou o Hyde Park, em Londres, ou ainda o Central Park de Nova Iorque.
A região abrigara pequenas propriedades cujas boiadas eram destinadas ao Matadouro Municipal, ali pertinho, e que é hoje a sede da Cinemateca. Também se criavam ali animais que serviam para puxar os carros de bombeiros e por isso o local foi chamado de Invernada dos Bombeiros. Mas em 1906 uma lei estadual transferiu a propriedade daquela área para o Município. Por isso, no final dos anos vinte, o prefeito imaginou criar ali um parque.
Naquele tempo, a região do Ibirapuera era um pouco afastada da cidade, que ainda não chegara até lá.
Na época da colonização havia lá uma aldeia indígena e o nome do lugar vem da língua tupi.
“Ibirá” quer dizer árvore e “Puera”, o que já foi. Parece profético: lugar onde havia árvore.
Mas há quem diga que o nome, em tupi-guarany, vem de Ypy-ra-ouêra, que significa árvore apodrecida.
A boa idéia de José Pires do Rio, no entanto, esbarrou na dificuldade que o próprio terreno apresentava: era por demais alagado.
Foi então que, em 1927, um sujeito apaixonado por plantas, chamado Manuel Lopes de Oliveira, e conhecido como Manequinho Lopes, que era funcionário da prefeitura, resolveu dar um jeito no terreno. Plantou centenas de eucaliptos australianos para que estes drenassem o solo alagadiço. E, de quebra, plantou também espécies de plantas ornamentais que se destinariam a abastecer os jardins públicos da cidade.
Mas foi apenas em 1951 que o governador Lucas Nogueira Garcez e do prefeito Armando de Arruda Pereira criaram uma comissão de representantes da iniciativa privada e dos poderes públicos com o objetivo de criar o tal parque, sonhado três décadas antes por João Pires do Rio.
Liderados por Francisco Matarazzo Sobrinho, o Cicillo, os membros da comissão começaram a trabalhar. Em 1954 a cidade de São Paulo comemoraria os seus 400 anos de fundação e o governador imaginava que a inauguração do Parque do Ibirapuera seria um presente ao povo paulistano, na comemoração do IV Centenário.
Não foi exatamente isso que aconteceu. Em 25 de janeiro de 1954, data do aniversário de São Paulo, o Parque ainda não estava pronto.
Oscar Niemeyer criou o projeto arquitetônico do Ibirapuera e Burle Marx, o paisagístico. No entanto, o de Burle Marx não foi realizado, sendo substituído pelo do engenheiro agrônomo Otávio Augusto Teixeira Mendes.
( O Ibirapuera era apenas um belo matagal, com muitos eucaliptos, cortado por uma estradinha estreita que ligava a Avenida Brasil à Vila Mariana. Já havia um lago, onde a molecada ia nadar).
Finalmente, em 21 de agosto de 1954, o Parque foi inaugurado.
Na inauguração havia 640 estandes montados por treze estados brasileiros e por dezenove países. O Japão construiu uma réplica do Palácio Katura que está lá até hoje, é o chamado Pavilhão Japonês.
Não existem mais:
- o Parque Shangrilá,
- o Pavilhão do Rio Grande do Sul,
- o Museu de Cera, o salão de exposições (que foi transferido para o Anhembi nos anos 1970) e nem
- o restaurante que ficava dentro do lago principal e onde as pessoas podiam alugar barcos de passeio.
Também estão lá, desde o dia da inauguração: -
- o Palácio das Indústrias, onde se instalou a Bienal de São Paulo e onde funcionava o MAC, Museu de Arte Contemporânea. O Pavilhão se chama hoje Cicillo Matarazzo, em homenagem ao homem que trouxe a Bienal para São Paulo. Mas todo mundo, quando se refere a ele, diz: “o prédio da Bienal”;
- a Grande Marquise, onde funciona o Museu de Arte Moderna;
- o Palácio da Agricultura, construído para a Secretaría da Agricultura, mas que acabou virando sede do Detran e depois passou a abrigar o MAC;
- o Palácio dos Estados que hoje se chama Armando de Arruda Pereira;
- o Palácio das Exposições, que se chama Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, mas que todo mundo conhece como Oca, onde estão os Museus da Aeronáutica e do Folclore e ainda
- o Palácio da Nações ou Pavilhão Manoel de Nóbrega, onde funcionou, até 1992, a sede da Prefeitura e hoje é o Museu Afro Brasil;
- e também o Ginásio de Esportes, o Velódromo e o conjunto de lagos.
Depois foram sendo construídos o Viveiro Manequinho Lopes, o Planetário e a Escola Municipal de Astrofísica.
Hoje, nos 1 milhão e 584 mil metros quadrados do parque, estão ciclovias, pistas de cooper, além de três lagos artificiais, interligados, que ocupam 157 mil metros quadrados e que oferecem o espetáculo das fontes ali colocadas na última gestão do prefeito Jânio Quadros.
Muita gente vai todas as manhãs ao Parque para uma corrida ou caminhada. E, nos fins de semana de verão, é à beira dos lagos que muitas paulistanas se bronzeiam.
O Parque do Ibirapuera é uma ilha verde em meio à poluição e ao cinza que domina a cidade de São Paulo. Apesar do crescimento desordenado e cruel da cidade, a natureza ainda brinda o Ibirapuera, todos os anos, com pássaros migratórios que fazem sua parada por lá.
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