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Nada Mais Justo (Farmácia Popular)

Foto do escritor: SAUDE&LIVROS FommSAUDE&LIVROS Fomm

Atualizado: 30 de jan.

por Dra. Stela Maris Grespan


Caravaggio, 1606, Sâo Jerônimo em Meditação
Caravaggio, 1606, Sâo Jerônimo em Meditação

Que este ano está difícil com as perdas afetivas acumuladas ao longo dos dias e meses.Também no campo da política nacional acumulamos perdas. Não falo de econômicas, ou da tragédia da polaridade burra, das manifestações anti- democráticas, mas de algo mais profundo, o desnivelamento de diferenças no pensamento até o nível do insuportável. Não quero falar disto! 


Quero falar do que estou pensando com insistência desde que ontem um cliente me disse que, ao buscar na drogaria seus remédios, distribuídos gratuitamente pelo governo, ouviu da atendente da farmácia -" aproveite que a mamata vai acabar em janeiro". Dito com o humor de quem detesta fazer o que faz e cumprir com a burocracia e o controle inevitável da ação que envolve custos governamentais. Para quem conhece a palavra Mamata, já pode reconhecer o quanto foi mal empregada. Não se trata de falcatrua e sim do Direito legítimo de qualquer cidadão de usufruir de uma medida de enorme alcance social como a Farmácia Popular.  


A conquista do envelhecimento é multifatorial, porém não podemos deixar de reconhecer que o controle dos chamados fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em muito contribuiu para esta situação, uma vez que estas constituem a maior causa de morte natural entre adultos no Brasil.  


A quebra das patentes, a produção e distribuição dos chamados genéricos, selecionados como de primeira necessidade, foi um divisor de águas entre a pretensão de cuidar e a sua concretização. Um instrumento de implementação da Justiça Social.Pacientes que se beneficiaram do Bolsa Família também puderam beneficiar- se com o controle da hipertensão arterial, do diabete mélito e da insuficiência cardíaca. Também se beneficiaram aqueles que constituem outras classes sócio - econômicas, mais elevadas, e que são contribuintes da receita federal pelo pagamento de seus impostos. Nada mais justo!

 

Quantos Infartes do miocardio, quantos AVC, quantas hemodiálises, internações hospitalares foram evitadas? Quantos pacientes com AIDS poderão ser atingidos? Quantos reais deixaram de ser gastos pelo SUS, quantas famílias tiveram seus parentes ativos e amáveis em seu convívio por um tempo maior? Países da União Européia que construíram uma política de Bem Estar Social no pós guerra, com a crise econômica atual, cortaram na carne estas conquistas. E a crise econômica e política no nosso país lhes segue os passos ao determinar cortes em políticas públicas de inquestionável valor social? 


Prioridades devem ser estabelecidas nos cortes do orçamento da União, sem dúvida, mas a Farmácia Popular está fora desta questão. Ela é uma Conquista da qual não abro mão!



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