por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano.
Publicado na Revista UpPharma.

É o Dr. José Carlos Riechelmann, médico ginecologista, obstetra, sexólogo, versado em Medicina Psicossomática, diretor de hospitais e, com muita honra, meu parceiro literário, quem explica o que o ódio (e sua irmã, a raiva) fazem ao nosso organismo.
Os nossos antepassados precisavam da raiva para sua defesa e para a caça. Mas era uma raiva que durava 15 minutos no máximo. Então a adrenalina liberada dentro do corpo, a mesma que esclerosa os vasos sanguíneos, tinha um efeito passageiro, sem maiores consequências.
Agora imagine a raiva e o ódio hoje.
É nas redes sociais que podemos expor os nossos odiozinhos cotidianos sem ter que pagar o preço que a vida em sociedade cobra por isso. Então, para os infelizes (e, em parte também para os ignorantes, os sem-cultura) a Internet é o melhor prato cheio: eles podem ficar dias, semanas, meses, destilando o seu ódio impunemente.
Impunemente?
Nem tanto.
Porque o ódio envenena a quem odeia e não a quem é odiado.
Veja bem, isso não é filosofia de botequim, isso é verdade científica.
O odiador verá – por meses e até por anos, destilando sua raivinha nas muitas plataformas digitais disponíveis – a sua adrenalina atingir picos que não irão apenas esclerosar os seus vasos sanguíneos, mas levarão a um endurecimento permanente desses vasos o que resultará numa bela hipertensão arterial (pressão alta) e essa hipertensão afetará o seu coração, os seus rins e até o seu cérebro. Ou seja, levando a infarte, falência renal, acidentes vasculares cerebrais e problemas neurológicos.
O ódio, porém, não leva apenas à produção de adrenalina, mas também de hormônios corticoides, que serão responsáveis por baixar a imunidade do odiador deixando-o, portanto, mais exposto, por exemplo, ao risco de contrair covid-19 e outras infecções por vírus ou bactérias.
De tanto odiar, você fica doente.
Escrevo esse artigo no dia em que o Facebook tirou do ar várias páginas e perfis que disseminavam as famosas Fake News. Ontem mesmo respondi a uma pesquisa dessa rede social exatamente sobre isso, as falsas notícias que eu, usuário, encontrei ou não veiculadas pelo Facebook.
O que mais vejo nas mensagens que recebo, nas compartilhadas no Face ou no Whats e até no Twitter (que era antes a mais confiável das redes) são inverdades científicas, besteiras homéricas, divulgadas como se fossem grandes sacadas, geniais descobertas.
É um lamentável retrocesso. É um lamentável triunfo da ignorância sobre a ciência. É a vitória do ódio sobre o amor. E até parece que, em plena era das grandes conquistas tecnológicas, nossas cabeças regrediram à Idade Média.
Mas o ódio corroerá as entranhas dos odiadores. E esta é a nossa última esperança.
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