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Os Pássaros dos Deuses

  • Foto do escritor: SAUDE&LIVROS Fomm
    SAUDE&LIVROS Fomm
  • 26 de mai.
  • 2 min de leitura

por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano

(escrito no avião)

Avião no Céu da Paulista
Avião no Céu da Paulista

Os deuses de Antes da Catástrofe, voavam no interior de grandes pássaros ocos.

 

Divinamente e muito acima do que nos, frágeis sobreviventes, podemos sequer, hoje, sonhar.

 

As lendas e fragmentos que a nós foi possível decifrar ou compreender, falam-nos de fatos ou pensamentos estupidificantes.

 

Grandes pássaros brilhantes e barulhentos que engoliam vivos esses deuses e os transportavam de um lugar a outro (numa inimaginável velocidade e voando para muito além nas nuvens, tão alto que nossos olhos não poderiam alcançá-los) para devolvê-los, poucos sóis mais tarde, a outra parte do mundo, do outro lado das nossas terras, um lugar que, andando, levar-se-ia muitos e muitos ciclos lunares para lá chegar.

 

Nas entranhas desses pássaros, podiam os deuses enxergar, em mágicas janelas de cristais, todos os cantos do mundo e ouvir e falar com qualquer outro ser vivente, estivesse ele onde estivesse.

 

Viviam e respiravam no interior desses pássaros, resplandecentes, e que se iluminavam com o sol.

 

Não apenas viviam e respiravam. Viviam bem. Saboreavam ceias e sorviam seus melhores néctares e possuíam ainda misteriosas arcas que, quando abertas, reproduziam invisíveis instrumentos musicais, para deleite de seus divinos ouvidos.

 

Viajando nesses estranhos pássaros, os deuses trocavam suas especiarias. Gerando, apressando riquezas.

 

Pelo menos essa é a lenda que corre, até nossos dias. Veio vindo, de geração em geração, entre os poucos fortes que sobrevieram à Grande Catástrofe que dizimou a maior parte de nós, humanos, há cerca de 73 mil ciclos da lua. Tempos, aqueles, os da Catástrofe, em que as terras lotaram-se de escombros, de ruínas de construções enormes, de restos de engenhocas que ninguém mais sabia -lhes a utilidade e muito menos podia decifrar-lhes os mistérios.

 

Durante muitas e muitas luas e muitos e muitos sóis, a vegetação cresceu por cima de todas as sobras dos instrumentos e templos que haviam pertencido ao deuses e de tudo o que restara dos objetos então usados por eles. Nos abandonaram aqui, DC (depois da Catástrofe), mas restou alguma memória deles, passada de geração a geração e a mais fascinante lenda é essa, a dos pássaros que engoliam os deuses para vomitá-los em lugares distantes...

 

Restam, para atestar certa veracidade à lenda, em alguns poucos locais do nosso mundo, antigos e enferrujados esqueletos desses extintos seres mágicos, metálicos e voadores.

 

Bel

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