(Do cinema pra internet)
Por Stela Maris Grespan

Hoje é o início oficial do Carnaval. Que fiz eu neste sábado de minha vida? Acordei para o mesmo mundo para o qual havia adormecido, diria o Pessoa, fútil, cotidiano mas… tributável. Acordei disposta a sair, almoçar, ir ver Conclave. A hora matinal era fresca. Ao meio dia já havia desistido. Eita calor dos infernos!
Ontem à tarde, graças às repetidas exibições no Telecine cult, terminei de ver o belo filme iraniano A semente do fruto sagrado! Eu o vi à prestação, não por ser longo, mas pelo tanto que ele estava mexendo comigo. A violência crescente, manifesta nas relações de poder em todas as camadas da vida social e sob um Estado Teocrático ditatorial me tiravam o ar, oprimiam meu peito e isto continuou até um final inesperado! Os vídeos originais gravados durante as manifestações após a morte da jovem, torturada por não usar o véu de modo apropriado, mostram a realidade brutal e a resistência do povo aos seus tiranos!
Respirei fundo, uma limonada, um café e venho ao FB a tempo de assistir ao vídeo do Salão Oval!
Passada, hipnotizada pela crueldade midiática armada pelo juba loira e seu escudeiro. Feriu todos os cânones da diplomacia, acredito. Nunca fiquei ao lado do Zé Lensky, mas a humilhação inflingida a ele, um chefe de estado, foi incivilizada e propositalmente divulgada ao mundo. O poder ali demonstrado mostra, diria Foucault, que ele é sempre exercido por estratégia, assim como a obediência. Adoro os ditados populares e todos conhecemos O manda quem pode e obedece quem precisa. Porque obediência também é cálculo, de perdas e ganhos.
Eu desde criança, instintivamente, depois adulta, racionalmente, nunca suportei demonstrações de poder às custas de humilhar os mais fracos dos elos sociais! Ainda lembro do tempo em que havia elevadores de serviço destinado aos funcionários subalternos das famílias proprietárias e “ de bem”. Felizmente, isto pelo menos, teve fim. Mas, as ações de poder seguem existindo cotidianamente, por fraqueza, covardia, recalque, ou mera reprodução do modelo de educação para a obediência a que somos submetidos desde a escola.
Hoje à tarde, ainda impactada, relembrei fatos políticos
esquecidos. Vem de longe a parceria Trump/Putin. Em 16 a vitória de Trump sobre Hillary surpreendeu a todos e houve acusação, não provada, de interferência russa nos resultados. Em 19, a primeira tentativa de impeachment de Trump teve como base a solicitação por telefone ( denunciada por agente de órgão de segurança) do candidato à reeleição ao colega presidente Zelensky, para investigar as ações de Hunter Biden na Ucrânia e possível corrupção, para conquistar votos. O pai, Biden, retribuiu (ou foi ação política ?) com mais de 100 bilhões de ajuda à Ucrânia. Trump foi absolvido nesta e na segunda ação de impeachment por incitação aos distúrbios em Washington em janeiro de 20. Ah! O leão nunca esqueceu, muito menos perdoou! Tanto que citou 2-3 vezes Biden na entrevista de ontem. Refrescando a memória do chantageado, tipo o Eu sei o que vocês fizeram no verão passado.
Ontem, foi o dia da vingança. Comeu fria, como manda a regra, porém o tiro pode sair pela culatra ( nada como os bons ditados)com os aliados europeus. O futuro dirá.
Não farei análises profundas, pois ainda não me titulei em ciências sociais e políticas aqui pelo FB e Google. Sem diploma corro o risco de ser processada. Só quis conversar um pouco com vocês, contar o que pensei, antes de assistir a algum bom filme na TV.
Bom Carnaval a todas (os, es).
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