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Compulsão ou Simples Desejo?

  • Foto do escritor: SAUDE&LIVROS Fomm
    SAUDE&LIVROS Fomm
  • 13 de set.
  • 2 min de leitura

por Dr. José Carlos Riechelmann

Di Cavalcanti, Samba.
Di Cavalcanti, Samba.

Frequentemente escuto as preocupações de alguns homens que se dizem felizes no casamento, sexualmente realizados com suas companheiras, e que ficam incomodados com o fato de estarem sempre sentindo desejo por outras mulheres, na rua, no trabalho, ou até as que aparecem na TV.


E vem a pergunta: -- Doutor, isso é normal? Ou é um vício?

 

Se o desejo desses homens (ou mulheres) for incontrolável, se leva-los a realmente tentar concretizá-lo, ainda que na contramão da conveniência, estamos diante de um quadro de compulsão sexual.

 

Para que se compreenda bem essa condição, vamos compara-la à compulsão alimentar: a pessoa está de dieta, ou é diabética, e não consegue, de forma alguma, controlar a vontade de comer chocolates. Racionalmente, a pessoa sabe que não pode comer o chocolate porque quer emagrecer e vai se sentir culpada depois, ou sabe que aquele chocolate vai atrapalhar o controle de seu diabetes e isso pode ter consequências para a sua saúde. A pessoa sabe, mas não consegue se controlar e come o chocolate.


Na compulsão sexual é a mesma coisa: o desejo tem que se realizar, mesmo que contra as convenções sociais, mesmo que com desdobramentos desagradáveis ou até colocando em risco a felicidade conjugal.

 

Agora, se, apesar de estar vivendo uma relação estável, a pessoa se flagra constantemente desejando alguém com quem, muitas vezes, ela não tem qualquer afinidade, ou nem mesmo conhece, e isso a leva a pensar que ela não é normal, que tem desejo demais... Bom, está acontecendo aí uma exacerbação da autocrítica.

 

Desejar é uma coisa saudável, um apetite sexual intenso é apenas resultado da boa saúde, de hormônios em ordem, mas a pessoa pode achar errado apenas por causa da nossa cultura, da educação, onde lhe foi ensinado que o desejo por outras pessoas não pode aparecer quando se está vivendo uma relação feliz e amorosa. É preciso encarar esses desejos como uma coisa natural e sadia e não como algo que necessariamente tem que ser realizado.


Há um mito em nossa cultura: a ideia de que o desejo é personalizado. Não é. Desejar, a gente deseja o mundo inteiro... O que é personalizado é o amor.

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