poema de Zedu Lima
(do livro Ecos de uma Plateia Ausente)

Acordei e vi meu sonho
Rolar pelo travesseiro
Finjo dormir interesseiro
No que ele vai revelar.
Será o sonho que sonhei dormindo?
Mais um que vou ter que decifrar?
Ou aquele que, acordado, não distinguo?
Percebendo que o vigio,
Se embola e disfarça.
Refaz cenários e personagens,
retoca o ar com fumaça.
Quer me agradar, entendo.
Preenche-se de livros e viagens,
Mas não adianta.
A inércia da cama me levanta
E constato:
A solidez da solidão é tão concreta
Que já não mais me inquieta.
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