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21 de Abril

  • Foto do escritor: SAUDE&LIVROS Fomm
    SAUDE&LIVROS Fomm
  • 15 de abr.
  • 2 min de leitura

por Stela Maris Grespan


Brasília, foto de Stela
Brasília, foto de Stela

Hoje é dia de duplo feriado na capital brasileira: Tiradentes, o nosso mártir da inconfidência e o 65.  aniversário de sua inauguração.  


Apaixonada que sou por arquitetura e urbanismo, ao conhecê-la fui tomada pelo assombro de seu projeto, edificações, imensos espaços e a amplitude das avenidas. Perdi o fôlego ao subir na torre e contemplar sua monumentalidade! Já se vão 46 anos desde aquele momento.  


Saída da mente genial de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foi planejada detalhadamente. Desde a planta em formato de um avião, a praça dos três poderes para onde tudo convergia ou derivava, setores destinados às embaixadas, laser, cultos, educação, museus e cultura. Em suas asas, os prédios padronizados, sobre pilotis, de escassa verticalidade, materiais de construção sem luxo, concreto aparente, o necessário para uma vivência confortável, com amplos espaços de convivência em seus jardins com suas frutíferas, um ponto comercial para suprir as necessidades de sobrevivência em cada superquadra, tudo inspirado em suas visões de um mundo socialista e ordenado.

 

Funcionou muito bem, enquanto ideia e materialização de projeto.


Foi ela a rica expressão, não apenas da arquitetura moderna do país por seus projetistas, como de nossa admirável engenharia que venceu os incontáveis desafios propostos na doma do concreto. Juntou-se a riqueza de uma movelaria que buscou fixar e enriquecer a nossa identidade cultural desde Lafer, Sérgio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Joaquim Tenreiro, entre outros, os maravilhosos painéis de azulejos de Athos Bulcão e os projetos paisagísticos de Burle Marx! Milhões de turistas a visitam anualmente e desfrutam também das belezas de seus poentes, do cerrado hoje em processo planejado de destruição.

Disse Oto Lara Rezende que Brasilia foi o resultado da loucura de 4 personagens , Juscelino Kubitscheck, Israel Pinheiro, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Todos eles imbuídos na construção não só de uma nova capital, como também de um novo Brasil, moderno do ponto de vista político e econômico e de uma democracia sólida como o concreto em que foi concebida e edificada.

Brasilia abrigou 21 anos de ditadura militar, 5 ditadores, atos institucionais, rasuras e rasgões na constituição deste país sonhado que ousava levantar-se de seu berço esplêndido.

Abrigou o sonho da redemocratização, de uma nova Constituição e os anos vindouros de um país que se erguia, combatia a fome, a pobreza extrema, a profunda desigualdade social, o analfabetismo, na ânsia sôfrega de se constituir como nação sem vergonha de seu passado, caminhando em direção ao futuro.

Abrigou golpistas travestidos de incorruptíveis cidadãos.

 

Abriga agora um outro tipo de loucura, de barbarismo, de elegia a tortura e torturadores, de caça aos seus opositores, de devastação das riquezas naturais e da liquidação de seus bens, de extermínio de seu povo, de retorno ao passado nefasto e jamais julgado e penalizado por seus crimes, de estímulo ao preconceito estrutural, da negação dos perigos desta terrível pandemia.

Um outro dia há de chegar para todos nós com a mesma esperança que JK a sonhou como fé e prova inquestionável da capacidade realizadora dos brasileiros, no triunfo do pioneirismo e da confiança da grandeza do país e que Brasilia, com seus crepúsculos de fogo confundidos às cores da aurora, simbolize a alvorada sempre aberta deste país para um novo amanhã.




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