A Primeira Feminista
- SAUDE&LIVROS Fomm
- 26 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano

Mary Woolstonecraft, escritora, é considerada a primeira feminista da história.
Ela nasceu na Inglaterra em 27 de abril de 1759 e morreu em 10 de setembro de 1797, aos 38 anos de idade, exatamente 11 dias depois de dar à luz a uma filha, que se tornaria muito mais famosa do que ela, também como escritora: Mary Shelley, a autora de Frankstein, casada com o também famoso poeta Shelley.
Mary Woolstonecraft escreveu mais de 30 obras e inúmeros artigos, quase na sua totalidade, sobre a condição feminina na sociedade. Musa dos movimentos sufragistas americanos, num século em que as mulheres que sabiam ler e escrever eram exceções, Mary causou furor com as suas reivindicações de igualdade de direitos para homens e mulheres.
Mas teria sido ela realmente a primeira feminista da história?
Todos nós sabemos que a História da Humanidade é a História dos Vencedores. O que chegou até nós, nos últimos milênios, é o relato de um mundo masculino, de dominação machista e de submissão das mulheres.
A tradição e as lendas, porém, falam de agrupamentos humanos dominados pelas fêmeas.
Quando os homens ainda não tinham consciência de seu papel na reprodução humana alguns grupos reverenciavam as mulheres por sua capacidade de gerar. As mulheres celtas dividiam o poder religioso com os druidas e suas sacerdotisas tinham grande influência política. Há ainda os relatos mitológicos do poder das guerreiras amazonas, que decepavam um seio para poder manejar melhor o arco. E existe ainda quem afirme que houve toda uma dinastia de faraós mulheres no Antigo Egito, da qual a famosa rainha Cleópatra seria uma pálida remanescência.
Nos últimos dois mil anos, a História das mulheres (até Mary Woolstonecraft e as feministas que vieram depois dela) é apenas a história da dominação machista. As sacerdotisas celtas que conseguiram manter o seu poder até a Idade Média foram queimadas nas fogueiras do cristianismo como bruxas. Assim como foram consideradas bruxas, na época, todas as mulheres que ousaram mostrar qualquer espécie de conhecimento ou espírito de independência.
Até Mary Woolstonecraft sobrou para nós apenas o poder por trás do pano, ou sub-repetciamente na família ou, na política, as grandes cafetinas donas de bordéis com acesso aos próceres locais.
No entanto, apesar de as feministas radicais terem conquistado a fama de masculinizadas ou de inimigas-do-homem, as verdadeiras mulheres lutadoras só querem ter reconhecida a igualdade natural entre os sexos. Afinal, a igualdade na diferença.
E, se pensarmos amplamente na história da humanidade, talvez possamos concluir que a primeira feminista da qual se tem notícia não seja realmente Mary Woolstonecraft, mas simplesmente Eva, que não contente em ser uma simples costela, comeu o fruto da Árvore do Conhecimento.
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