Poema de Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano
Resto de encanto na cidade.
Chuva de verão
Que chove na claridade.
Raio de sol fura nuvens,
Sobra de luz se mistura
A luzes que, na rua,
Do céu não vem.
Um, entre milhares,
Bar, entre os bares.
Ninguém presta atenção:
À mesa, Maria sozinha
Espera o seu bem,
Um, há tempos não vinha.
Um, entre milhões
De machucados corações.
Um antigo namorado.
Um, entre tantos,
Solteiros ou casados,
Esperanças de encontro
E complemento.
O moço entra apressado.
No rosto o beijo mal dado.
Esse trânsito é um tormento.
Com chuva pior fica.
Onde ela via beleza
-- encanto na cidade –
Ele vê dificuldade.
No rosto dela, tristeza.
No dele, ansiedade.
Vamos logo pra cama, Maria,
Eu estou louco de saudade.
Tanta coisa pra dizer
-- encanto, o resto, a partir—
Tanta coisa a discutir
Trepando ele quer resolver.
Nada feito, João.
Você só quer sexo
Onde eu quero coração.
Louco de raiva e frustração
Vai embora o ex namorado
Passado, atrasado, enganado.
Maria dali não se move.
Já olha pra outro, já sonha,
Um dia, com algum se resolve.
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