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Memórias Críticas do Trabalho em TV

  • Foto do escritor: SAUDE&LIVROS Fomm
    SAUDE&LIVROS Fomm
  • 1 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de abr.

por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano



Meu marido me diz: "Os convidados da CNN são de nível muito melhor do que a maioria dos convidados da Globo News."


Respondo:-- Isso é porque a CNN age como os americanos, a produção convida quem é qualificado para falar sobre o assunto. No Brasil, a produção convida o amigo do amigo, o médico da titia, o advogado do primo, o indicado do político e não necessariamente a autoridade no assunto que se vai discutir.


E a minha velha mágoa aflora. Quando eu estava na TV aberta, principalmente na Gazeta e na Rede Mulher (a Bandeirantes é bem mais profissional, mais como a CNN), meus colegas me chamavam de "fresca" e de "garota propaganda da indústria farmacêutica" porque eu só convidava, pros meus programas, médicos que fossem reconhecidamente autoridades em suas especialidades e não o cardiologista do avô do meu colega de redação ou a ginecologista da diretora.


Mas ri melhor quem ri por último. A CNN me faz rir agora.


A TV, no Brasil, sempre foi uma "ação entre amigos" e já promoveu muito lixo, muita picaretagem, por causa disso: dar espaço a incompetentes, seja em que área for; dar espaço a aproveitadores, fdps e similares. O povo acredita em quem aparece na TV, ainda que seja alguém indigno da credibilidade do próprio povo. Não foi a Internet que inventou as Fake News. Foram produtores da mídia e jornalistas pouco éticos. A Internet só copiou.


Já estou velha o suficiente para perder as papas na língua. E já que estou no assunto, vamos mais fundo. A TV Globo passou décadas produzindo novelas que só deseducam o nosso povo. Hoje eu não sei como são as novelas porque não as assisto e não as assisto porque meu tempo é precioso demais para ser gasto com historietas sobre corrupção, vingança, deslealdade e tudo o que há de pior e mais lamentável nos seres humanos. Tenho ótimas séries -- algumas nacionais, inclusive -- para ver na TV fechada.


Mais fundo ainda: muitos me consideram trouxa por ter recusado apresentar programas ditos "femininos" onde apresentadoras faturam rios de dinheiro em merchans. Eu não. Não fiquei rica nem virei celebridade, mas durmo bem, com a consciência limpa e a saúde decorrente disso. Não adoeci por estresse ou por agir de maneira a contrariar as minhas convicções. Imagine se eu, uma feminista de carteirinha, poderia apresentar um programa "feminino" que acredita que a mulher é um bicho burro que só serve para cozinhar e fazer plástica e dieta para agradar os bobos dos homens. Nada contra a cozinha. Nada contra a plástica (pergunte ao Paulo Jatene quantas já fiz...hahaha) e nada contra a futilidade e o consumismo. Mas tudo contra programas que mostram apenas isso e não dão espaço à cultura, às artes. Cultura pra esses programas é entrevistar artista de novela e autor de autoajuda.


Sorry, periferia. Dinheiro nenhum, nesse mundo, me faria entrar nessa fria. Assim como dinheiro nenhum, nesse mundo, o livrou, por exemplo, da pandemia do Covid-19.

Desculpem-me o desabafo. É coisa de velho mesmo!


Feliz Domingo de Ressurreição a todos. Mais ressurreição e menos chocolate.

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