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O Brasil da Boa Propaganda

Foto do escritor: SAUDE&LIVROS FommSAUDE&LIVROS Fomm

por Ronaldo Alvan de Vasconcellos


Elza Carvalho, Não ver, ouvir, falar
Elza Carvalho, Não ver, ouvir, falar

Salvador, sábado de Sol (mas não muito) aos 22 dias do mês de janeiro do ano da Graça de Um mil e novecentos e setenta e sete do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Na minha sala, TV Aratu, Rede Globo, com cinco monitores de TV ligados à frente da minha mesa. Todos passando bobagens.


A vida sobe. O Carter toma posse. A gasolina some nos fins de semana. “O mundo gira e a Lusitana roda” , e não sei porque me sentei a máquina, e “de repente, não mais que de repente”* o assunto fugiu, a mente embotou. Eu acho que é porque andei assistindo nossas novelas: uns dois terços da Escrava Isaura, o Estúpido Cupido INTEIRO, e agora estou ouvindo esta imbecilidade da Janet Clair chamada Duas Vidas.


Mas as propagandas estão salvando o nível da Televisão Brasileira. Acabou de passar aquele filme da Souza Cruz e Rede Globo convidando a conhecer o Brasil.


E por falar em Brasil, caramba, como a Bahia cresce: Domingo passado levei uns hóspedes para conhecer Itapoan. Lembra-se do Camping que a gente atravessava para ir aquela prainha que vem depois dele? (Atravessava até uns dois meses atrás). Bem, agora Camping e fechado pois por trás dele tem uma baita avenida asfaltada, e estão arruando e asfaltando tudo aquilo.


Depois fui para o lado do aeroporto para voltar pela Paralela. Pois bem, está tudo mudado. Estão arrasando morros o abrindo ruas, loteamentos e etc. Aí fui ao CAB -- Centro Administrativo da Bahia -- e lá estão construindo mais SEIS edifícios todos iguais, mas em locais diferentes, enormes e apelidados de "plataformas".


Depois passo em Patamares e já, está tudo arruado e asfaltado. Eu acho que agora não é mais “São Paulo Não Pode Parar”, quem não pode parar é a Bahia.


As festas de largo este ano estão bárbaras, mas bárbaras no sentido de barbaridade mesmo. A violência solta, batedores de carteira aos montes. Dizem que este ano o trabalho da polícia foi bom e não havia mais lugar na cana para todo mundo. Agora a imprensa está fazendo campanha para aumentarem o espaço destinado as fastas para melhorar a barra.


Nesse momento, num dos monitores da minha sala, está passando um comercial da DM-9 (do Duda) para o "Encontro das Águas", loteamento lá pelas bandas de Arembepe. O comercial custou 250 milhas, mas é um dos melhores já feitos aqui na Província. F., L. e C. já não são mais empregados de uma agência de propaganda. Os três saíram de uma vez da Publivendas e fundaram a Engenho. Estão dando um duro danado, mas também estão muito entusiasmados. Sua primeira campanha: Porto Seco Pirajá um negócio novo da Norberto Odebrecht (viu que clientão?), loteamento para deposites à beira da BR-324 (a rodovia Salvador-Feira de Santana). A campanha está usando como motivação a dificuldade para os grandes caminhões chegarem as áreas urbanas onde atualmente se localizam os depósitos das industrias etc. O lançamento foi no Bahia Othon e contou com a presença do Prefeito Jorge Hage, que foi por sinal filmado pela nossa Câmera Produções, e muito badalado na Televisão.


O mercado publicitário local, a Bahia e as novelas crescem.Mas o país continua o mesmo, bem arrolhado, televisionado e fingindo ser feliz.


Alvan

* slogan famoso da Companhia de Mudanças Lusitana

** verso de poema de Vinicius de Morais

 
 
 

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