top of page

Geraldina, a Bruxa

  • Foto do escritor: SAUDE&LIVROS Fomm
    SAUDE&LIVROS Fomm
  • 24 de set.
  • 11 min de leitura

por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano



Família na Fazenda, dec 1940
Família na Fazenda, dec 1940

Na pequena cidade do interior de Minas, ela era conhecida como A Bruxa. Tinha o hábito de sair, todas as tardes, em caminhada. Vestida de negro, os longos cabelos soltos que lhe batiam à cintura, sempre puxando o belo cavalo, ele todo escovado, a crina competindo em brilho com a cabeleira dela. Cumprimentava, taciturna, com um gesto elegante de cabeça, os que cruzavam o seu caminho. Mas não dizia palavra.


Morava na velha fazenda Soledade, improdutiva há muitos anos, abandonadas as roças, vazios os pastos, o imponente casarão enegrecido pela umidade, portas e janelas carcomidas pelo tempo. Só um pequeno jardim, em frente à casa, florescia. Ela mesma cuidava dele e o povo da cidade se perguntava como e de que conseguia ela sobreviver. Morrera-lhe o marido, há mais de vinte anos e, desde então, a fazenda fora caindo, caindo... Foram-se os colonos, os agregados, os funcionários. Foram-se as empregadas, algumas morreram, e a sede, que em tempos áureos, era motivo de orgulho para o povo, com suas festas memoráveis, das quais participavam importantes figuras da política nacional, agora jazia entregue à lenta e voraz destruição do tempo. Só ela morava lá agora.


O filho, famoso na região por seu insaciável apetite por mulheres, jogo e bebedeiras, estava internado num manicômio. Alguns diziam que ele enlouquecera, de tanta droga e álcool. Outros, que ele cometera um crime em São Paulo e que os advogados haviam alegado insanidade mental.

A filha, conhecida por seus hábitos masculinizados, ainda salvara parte do patrimônio da família e, por mais de uma década, fizera próspero um sítio, delimitado entre as vastas imensidões de terra da Soledade, onde criara animais usando as mais modernas tecnologias, industrializando mesmo os frangos e porcos, fazendo dinheiro fornecendo a grandes redes de supermercado, seus bichinhos congelados. Um câncer a matara e sua companheira, uma jovem frágil e bela, abandonara tudo e partira, sabe Deus para onde.


Só ela, a bruxa, sobrara. E era o grande mistério da pequena cidade. Como conseguiria ela pagar os impostos de tanta improdutiva terra? Mas ela os pagava. Como sobrevivia sozinha naquele monte de ruínas em que, dia a dia, ia se transformando a outrora majestosa Fazenda Soledade? Mas ela sobrevivia. Como se alimentava, se jamais era vista comprando mantimentos? Mas lá estava ela, viva e forte, todas as tardes, em seu desfile pela cidade, puxando o cavalo, também belo e forte como ela. Quantos anos teria ela? A cidade fazia as contas. Uns diziam 70, outros 90, e havia quem jurasse que ela já passara dos cem.


Geralda Magalhães de Almeida era o seu nome. Todos a conheciam como Geraldina.  Corria uma lenda sobre a sua história. Há muito, muito tempo, o jovem José de Almeida se aventurara pelos garimpos de Minas atrás do ouro que ainda restava nesses tempos de República. Tivera sorte, achara uma mina e dela tomara posse. Durante alguns anos explorara o veio, tirando dali uma pequena fortuna. Quando o veio se esgotou, ele se instalou na pequena cidade mineira, comprando algumas terras e anexando outras sabe-se lá por que meios. Mas quando chegara à cidade, trazia consigo aquela mulher índia. Diziam que ela o encantara com os misteriosos feitiços das tribos que habitavam as fronteiras de Goiás. O velho José arranjara, no cartório da cidade, (tudo, com ouro, era possível no Brasil!) uma certidão de nascimento para a índia e pusera nela o nome de Geralda Magalhães. Depois, casara-se com ela, com direito à festa de arromba, cerimônia na Igreja e tudo o mais.


Outros, porém, acreditavam que essa história de índia não passasse de lenda, que ela era mesmo uma Maria ninguém, uma das tantas Magalhães que existiam naquele estado.

Caso se olhasse bem para ela, só os cabelos pareciam denunciar-lhe uma origem indígena. A pele era clara demais, a ossatura delicada demais.


A cidade inteira sabia que ela era velha, muito velha. Mas um forasteiro desavisado, que a visse em seu passeio vespertino, assim não julgaria. O rosto sem rugas, a pele meio esverdeada é verdade, mas ainda firme e esticada, o cabelo negro como a mais escura noite, um negro de breu, brilhando ao sol da tarde, o corpo esguio e ainda altivo...

No entanto, a cidade fazia as contas: na década de 1950, seu filho escandalizava o lugar com suas orgias e aventuras e já teria ele uns 20 e tantos anos de idade...


Pela misteriosa juventude preservada, pelos trajes negros, pela sobrevivência misteriosa, pelo hábito de caminhar pela cidade todas as tardes, pelo inacreditável cavalo negro que a acompanhava, pelo insólito daquela figura fora de época, no meio dos coloridos automóveis, pela força inexplicável que sua figura transmitia, por tudo isso, ficou Geraldina conhecida como A Bruxa.


A cidade, porém, embora se ocupasse um pouco com o mistério dela, tinha seus próprios interesses e afazeres. Ninguém iria se preocupar demais com a bruxa. Riam, comentavam, inventavam hipóteses, histórias, mas era só isso.


Certo dia porém, passou por ali uma equipe de reportagem de uma grande rede de televisão. Não que a pequena cidade fosse alvo do interesse de jovens jornalistas à procura de notícias sensacionais. Acontecera apenas o carro de externa, cheio de equipamentos caríssimos, ter caído num monumental buraco na estrada e quebrado a ponta de eixo. Assim, a equipe teve que procurar ajuda na cidade mais próxima. E foi parar lá. Era uma equipe de reportagem que estava se dirigindo, por terra, do Rio de Janeiro a Ouro Preto, onde gravariam um especial sobre a cidade histórica, patrimônio da Humanidade. Mas quis o destino levá-los até lá. Fim de tarde, embebedavam-se de cerveja num boteco ao lado da única oficina mecânica, onde o caminhãozinho da externa estava sendo consertado, quando viram passar Geraldina em sua solitária e cotidiana caminhada, com o cavalo a reboque.


- Nossa! Que figura é aquela? – exclamou a chefe de reportagem.


O câmera ajeitou suas objetivas e saiu correndo para flagrar a insólita cena: uma mulher que parecia saída de outro século, toda vestida de preto, puxando um majestoso cavalo.


A repórter correu em direção a ela, ajeitando o microfone.


E o dono do bar alertou com um grito:

- Cuidado com ela! É uma bruxa.


Passando entre os automóveis, a equipe atravessou rapidamente a rua e a alcançou. A repórter colocou o microfone perto da boca de Geraldina e perguntou:


- É verdade que a senhora é uma bruxa?


A bruxa apenas sorriu, mostrando uma dentadura extremamente branca e saudável, e continuou, impassível, em sua marcha.


- A senhora não quer falar conosco? – insistiu a moça.


Nada. Geraldina continuava impassível.


E assim foi por bem uns dois longos quarteirões. A equipe de reportagem acompanhando a marcha de Geraldina, a repórter insistindo em fazer perguntas, sem obter nenhuma resposta. Quando todos pararam numa esquina movimentada, esperando que abrisse o sinal de pedestres para que pudessem atravessar a rua, a bruxa levantou solenemente a mão esquerda. E um estranho desânimo tomou conta de todos. O câmera abaixou sua máquina. A repórter deixou cair o braço que sustentava o microfone. O cabo man estancou.


- Bah! – exclamou a moça da TV – deixa pra lá. É apenas uma velha louca! Daqui não vamos tirar nada.


O sinal abriu e ficaram os três ali na calçada, subitamente desinteressados e Geraldina atravessou a rua, placidamente, seguindo seu caminho de volta em direção à Soledade.


Voltou a equipe de TV, desanimada, para o bar.


- Conseguiram arrancar alguma coisa dela? – perguntou o dono do boteco.


- É apenas uma velha louca – disse a repórter, sentando-se.


- Ela é uma bruxa – insistiu ele.


- Quem é ela? – perguntou a repórter.


- Ela é o mistério dessa cidade. Vive sozinha numa velha fazenda em ruínas, ninguém sabe como sobrevive assim só no meio de tanta terra abandonada.


- Muita terra?


- Léguas e léguas.


- E ninguém dos sem-terra veio aqui invadir uma propriedade assim grande e improdutiva?


- Vieram sim, moça. Mas nem conseguiram chegar ao portão. Foram atacados por uma matilha de lobos selvagens e alguns deles ficaram seriamente machucados. Saíram rapidinho daqui e foram para o município vizinho, ocupar uma outra fazenda.


- Lobos? Existem lobos nessa região?


- Foi o que disseram, moça. Mas ninguém nunca tinha ouvido falar em lobos por aqui, nem nunca, depois disso, apareceu lobo algum. Mas os homens e mulheres estavam mesmo mordidos, as roupas rasgadas. Pode perguntar lá no PS. Muitos foram atendidos lá e depois se mandaram. Nem queriam ouvir falar na Soledade.


- Soledade?


- É esse o nome da fazenda da bruxa.


- E vocês têm medo dela, dessa tal bruxa? – perguntou o câmera.


- Medo não. Mas ninguém mexe com ela. Como ela também não mexe com ninguém, fica por isso mesmo.


- Mas por que acreditam que ela seja uma bruxa?


- Sei lá. É o que o povo fala.


Assim, pouco a pouco, conversando aqui e ali, a equipe de reportagem ficou sabendo do que a cidade sabia sobre Geraldina. Foram ao caminhão de externa, assistiram a fita que tinham feito dela e ficaram impressionados com as imagens: a mulher tinha mesmo uma presença forte e, no vídeo, isso ficava evidente. Comunicaram-se com a diretoria de jornalismo da rede e obtiveram permissão para ficar mais uns dias ali, tentando, afinal, fazer uma matéria sobre a estranha figura.


Na manhã seguinte, carro consertado, estacionaram a poucos metros do portão da sede da fazenda. Já tinham feito várias imagens da casa em ruínas e dos arredores. Parecia cena de filme de terror. Uma estranha névoa pairava sobre os campos da Soledade, tudo era abandono, desolação, não fosse pelo pequeno e vibrante jardim na frente da casa.


O portão enferrujado no centro do muro meio destruído estava semi-aberto. Câmera em punho, resolveram entrar. Empurraram o enorme portão, que rangeu, e mal puseram os pés nas terras da fazenda, viram aquela estranha mancha que se deslocava na direção deles. Foi só um segundo e perceberam que eram enormes cães negros, correndo muito juntos, ameaçadores, mas silenciosos. A visão foi tão apavorante que saíram correndo também e se refugiaram no carro de externa. Rapidamente estavam cercados por dezenas de enormes cães negros, que arranhavam a carroceria, alcançando mesmo as janelas e fazendo balançar o caminhãozinho. Mas, estranhamente, os animais não produziam um ruído sequer, não latiam, e suas enormes patas arranhavam a pintura do carro, sem nenhum ruído. A equipe suava frio, em pânico.


- Filma isso! Filma isso! – gritou a repórter para o câmera que, tremendo, pôs-se a filmar a estranha fúria dos bichos, de dentro do carro.


O ataque dos cães ao pequeno caminhão de externa não durou mais de cinco minutos. Mas foram, certamente, os mais longos cinco minutos da vida daquela equipe. Depois, os animais se afastaram, silenciosos, e sumiram no meio do mato.


O caminhãozinho ficou realmente arranhado e até o logotipo da emissora se tornou uma confusão de cores, indistinguível. Os quatro saíram do carro, ainda com muito medo, e foram conferir os estragos.


- Que coisa! – disse o cabo man – Esses cães parecem mesmo ter saído do inferno! Devem ter sido eles que atacaram os sem-terra. Essa velha não quer visitas!


- Bote a fita no tape – disse a repórter. Eu não entendo como pode ter sido isso, eles são mudos, não fizeram um ruído sequer. Vamos ver a fita.


No tape, apenas a imagem, gravada de dentro do carro, da paisagem balançando. Nenhum animal fora registrado.


- Droga! – gritou a repórter para o câmera – Você não conseguiu filmar nenhum deles?


- Juro que eu filmei – respondeu ele, suando frio. - Juro que focalizei o focinho deles, as patas arranhando o carro... Não entendo como não estão aqui.


- Bem, pessoal – disse a moça – é melhor manter a calma... Isso não foi uma ilusão porque o carro ficou bem danificado...Não entendo...Mas também não vou desistir. Ela sai todas as tardes. Vai ter que sair hoje. Ainda é cedo. Vamos à cidade comer alguma coisa, botar as ideias em ordem e vamos voltar à tarde e esperar que ela saia. Eu não acredito em bruxas e ela vai ter que falar comigo, ah, se vai.


- Não acredita? – disse o câmera – E como você explica esses cães invisíveis para a minha objetiva? Isso é coisa do diabo!


- O diabo não existe. E a nossa missão jornalística é também explicar coisas aparentemente inexplicáveis. Vamos lá pessoal. Vamos comer alguma coisa, relaxar e à tarde voltaremos.


O motorista da equipe estava branco de pavor:

- Olha aqui, Célia, eu peço demissão, pego um ônibus, vou embora, mas aqui eu não volto de jeito nenhum!


- O que é isso, Aristides? Você que já esteve até em Israel, no meio das bombas, vai amarelar por causa de uns cachorrinhos?


- Você pode achar que são uns cachorrinhos, mas o que eu vi – e a câmera não viu – aqui hoje só pode ser mesmo bruxaria e dessas coisas, eu que sou cristão, quero distância.

Célia suspirou.


- Tide, você não pode pedir demissão. Você adora seu trabalho na TV e não esconde isso de ninguém. Toca pra cidade, vamos comer e esquecer um pouco essa coisa. À tarde vamos voltar e falar com ela.


- Ela tem razão – disse Machado, o câmera – Vamos comer, tomar uma cerveja e à tarde vamos voltar. A bruxa sai todos os dias, terá que passar por nós. Vou filmá-la e a Célia vai falar com ela. É o nosso trabalho, pombas!


- Eu topo – foi logo dizendo o cabo man, cujo apelido era Bareta. Agora tudo o que eu quero mesmo é uma boa cervejinha!


Voltaram para a cidade tentando fingir que não já não sentiam aquele clima de pavor que os invadira ante ao ataque dos cães silenciosos.


Almoçaram, falaram de futebol, do Filipão e da Copa recém-conquistada. Queriam esquecer o episódio da manhã, mas ele estava presente dentro de suas almas.


Fim de tarde, na hora em que Geraldina costumava sair, dirigiram-se de volta à fazenda. Tide, o motorista, ia rezando em voz alta o que deixava o resto da equipe ainda mais apreensiva. Quando estavam a mais ou menos um quilômetro da entrada da fazenda, uma forte neblina baixou sobre a pequena estrada, cegando a todos.


- Zorra! Como é possível uma neblina dessas a essa hora? – praguejou o câmera.


- Nada demais, Machadão – disse Célia – afinal estamos subindo uma colina, você sabe que a região é montanhosa mesmo e montanhas combinam com neblina.


- Não. Não está certo. Não deveria haver neblina nenhuma aqui – disse o Bareta.


Mas havia. E a cerração ficou tão forte que, mesmo com a cabeça para fora da janela, Tide não conseguia mais ver o caminho. Parou o caminhãozinho:


- Pessoal, daqui pra frente, só se for a pé.


Nem a pé. Não se via um palmo à frente do nariz e perceberam que, se tentassem continuar, inevitavelmente se perderiam um do outro.


- Não é possível – disse Célia. Não podemos continuar. Vamos voltar.


- Voltar como? – explodiu Tide. – Não se enxerga nada nem para frente nem para trás.


Então, de repente, como por milagre, a neblina começou a dissipar-se muito rapidamente e eles puderam ver o vulto da velha, puxando o cavalo, descendo a estrada.


- Aí vem ela. Vamos lá, pessoal – gritou Célia, partindo em direção ao vulto negro. Machadão a acompanhou, câmera em punho.


Geraldina passou por eles, indiferente ao assédio da câmera e da repórter, simplesmente como se eles não existissem. Toda a neblina se fora e Célia se deixou ficar, olhando a bruxa e seu cavalo que desciam a estrada em direção à cidade.


- Que diabo de mulher. Ela finge que não nos vê. Assim, que raios de matéria vamos fazer? Machado, continue filmando. Tive uma ideia. Vamos ao tal hospício, vamos falar com o filho dela. E, além disso, vou entrevistar todo mundo na cidade. Alguma coisa tem que sair dessa história.

 

Foi então que, três semanas depois, o país inteiro assistiu em rede nacional, à história de Geraldina. Cenas dela, da fazenda abandonada e uma entrevista desconexa com o filho dela, dentro do manicômio, rindo muito a cada menção de que sua mãe fosse uma bruxa. Na reportagem, ainda, alguns depoimentos de autoridades do pequeno município, dizendo que Dona


Geraldina era uma ótima cidadã, que a fazenda Soledade pagava em dia seus impostos através de um escritório contábil carioca que, todos os meses, enviava o dinheiro para os órgãos oficiais.


Os cidadãos comuns, porém, quando entrevistados, negavam a importância dela e que houvesse uma bruxa na cidade.


Célia chegara mesmo a brigar com o dono do boteco, ao lado da oficina, quando fora entrevistá-lo:


- Mas você mesmo me disse que ela era uma bruxa – insistia ela ao microfone.


- Eu não disse nada, moça, nem acredito em bruxas.


A força da televisão, no entanto, é muita. E, depois da exibição da reportagem, a pequena cidade mineira foi invadida por uma multidão de jornalistas, todos à cata de notícias da tal bruxa. Nem havia acomodações suficientes para toda aquela moçada que inundou a cidadezinha.

Geraldina, porém, não foi vista.


Os jornalistas que se dirigiram à Soledade encontraram apenas uma velha fazenda abandonada, com uma sede em ruínas. Nem sinal de matilha de cães e muito menos de neblinas misteriosas. O povo da cidade apenas ria quando era perguntado sobre a existência de uma mulher de negro que passeava por lá todas as tardes.


Frustrados, os jornalistas concluíram que tudo não passara de mais uma grande mistificação da tal rede de TV. E, pouco a pouco, em uma semana, todos tinham partido, desinteressados pela história.


A cidade, porém, suspirou aliviada ao ver, depois da partida da imprensa, numa plácida tarde de sol, Geraldina e seu cavalo em seu passeio vespertino.


 


Comentários


bottom of page