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Origens, A Viagem Espacial das Almas

  • Foto do escritor: SAUDE&LIVROS Fomm
    SAUDE&LIVROS Fomm
  • 23 de set.
  • 6 min de leitura

por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano

(do Livro "Todas as Mulheres São Bruxas 3")

Foto de José Reynaldo Walther de Almeida
Foto de José Reynaldo Walther de Almeida


Para Wanda, minha mãe nessa vida,

Uma Alma Velha (1912-2007)

 

Draena, quando nasceu em Ahtilantê, teve um grande sentimento de alegria, afinal, voltara! Na verdade, não gostara tanto assim de suas duas vidas terráqueas, nos anos de 1980-2020DC (como Maria Alcina) e, depois, em 1918-1979DC (como Selena). Assim que seus olhos se abriram e ela viu, pela janela da casa, aqueles dois lindos sóis, soube que estava de volta.

 

Compreendia, porém, que sua alma sábia não estava limitada a apenas essas duas encarnações anteriores. Tinha uma vaga lembrança de outras e outras vidas que sua alma vivera, mas não conseguia de fato recordar-se nem onde, nem quando. Reconhecia, porém, que aquele planeta, Ahtilantê, era a sua verdadeira casa.

 

O Universo é tão vasto. Posso ter vivido em qualquer lugar, em qualquer galáxia. Existem trilhões de galáxias, repletas de sóis e de planetas. Talvez aqui, nesse solo abençoado, eu possa me lembrar”.

 

Pelo que sabia de Ahtilantê – o quinto planeta a orbitar o conjunto de estrelas, duas maiores e quatro menores, as quais eram chamadas simplesmente de Capella – quase todos os seres que lá viviam conseguiam, sim, saber que tinham vivido outras vidas, em outros corpos, em outros mundos. Às suas almas evoluídas era dada, total ou parcialmente, essa lembrança.

 

Diferente da Terra – pensou – onde as almas reencarnam, às vezes podendo saber que tiveram outras vidas, às vezes, não. Mas, mesmo as que conseguem lembrar-se, só o fazem nos três primeiros anos de vida, depois o véu do esquecimento as domina e elas frequentemente falam sonoras besteiras como aquela que os terráqueos viviam repetindo: “A vida é Uma Só.”

 

Talvez a Vida fosse uma só, mas não no sentido restrito que eles davam a esta frase. Eles queriam dizer que não haveria outra vida a ser vivida, que aquela – limitada pela extrema ignorância da maioria dos habitantes daquele Planeta Terra – era a única vida que teriam e que a morte viria para todos. Não entendiam que a Morte nada mais era do que a viagem espacial das almas. Morriam ali, nasciam em outro lugar. Se ainda tivessem algo a aprender naquele planeta, reencarnariam novamente no próprio, como acontecera com ela.

 

Draena, portanto, estava feliz em se julgar livre da Terra. Os imbecis que viviam lá acabariam por destruir seu próprio Lar, acabariam por esgotar os recursos do Planeta, de tanto explorá-los sem critério algum. Quando ela vivera lá, em sua encarnação do final do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI, os primeiros e alarmantes sinais da destruição já eram perfeitamente visíveis, isto é, visíveis para quem quisesse ver. Muitos fingiam que nada estava acontecendo. Que o aquecimento do planeta não estaria causando o derretimento das calotas polares e nem o mar comendo pelas bordas as cidades litorâneas e nem a devastação das florestas estaria mudando o clima. Porém, cada vez mais, as tempestades, furacões e terremotos mostravam a grande insatisfação da Mãe Gaia para com aqueles seres humanos que levavam a sério demais o que dissera um de seus grandes avatares, o Christo, “crescei e multiplicai-vos”.

 

Quando ela partira da Terra, no anos 2020, a população daquele mundo estava chegando à marca de 8 bilhões de seres humanas, um número absurdo para as dimensões e provisões do próprio planeta. Isso, é claro, sem falar na extinção de várias espécies animais, a despeito dos esforços de alguns espíritos mais evoluídos que tentavam e tentavam preservar tanto a fauna quanto a flora.

 

Afinal, teve uma infância feliz, ali, no mundo de múltiplos sóis. Todos os habitantes de Ahtilantê, aliás, tinham uma infância feliz. As comunidades do Planeta atualizavam os conhecimentos que as almas das crianças traziam de outras vidas. De fato, todos nasciam com a lembrança de algumas de suas vidas passadas e era muito divertido e esclarecedor conversarem e trocarem as informações que traziam de tantos e tantos mundos, que cada um habitara, antes de chegar ali. Não precisavam da educação formal, como Draena a conhecera na Terra.

 

Draena, já crescida, ouviu de seu grupo de sangue, a história da antepassada, Mneia, que lembrara-se de sua vida na Terra, apenas pouco antes de morrer, aliás, apenas no próprio dia de sua morte.

 

Até então, os Ahtilantês jamais tinham tido conhecimento de tal planeta, onde agora a vida dos seres humanos ainda demoraria muitos ciclos para renascer. A Terra os expulsara, para poder recompor-se a si mesma, de tanta destruição que eles haviam causado a ela. “Como eu previa” – pensou ela ao lembrar-se de sua primeira vida na Terra. Curiosamente, a segunda vida de Draena na Terra acontecera cronologicamente num tempo, numa época, anterior à primeira.

 

Quando, por fim, a história das vidas de Draena no Planeta Terra espalhou-se pelas muitas comunidades de Ahtilantê, começaram a surgir também, em outros, a lembrança de uma vida lá. Algumas almas tinham vivido como seres humanos, a maioria delas nos primórdios da história da humanidade. Alguma coisa da trajetória deles naquele Planeta sobrevivera aos muitos mitos, e até mentiras mesmo (principalmente mentiras religiosas) dos quais era formada a história oficial da Terra. Os humanos que tinham conhecimento das almas que migraram a seu planeta, vindas de Ahtilantê, chamavam-nas de “os habitantes de Capella”, referindo-se a eles pelo nome das estrelas de seu sistema solar e não ao nome do Planeta.

 

-- Você já viveu aqui, apenas sua alma não está conseguindo lembrar-se. Com o tempo, a lembrança virá – afirmava uma de suas irmãs de sangue e continuava: -- Foi depois que você começou a falar da Terra, como nossa antepassada Mneia o fez antes de morrer, que eu também comecei a lembrar-me da minha triste vida nesse planeta condenado. E você estava nela, em minha vida, era também minha irmã. Nós éramos parte do grande êxodo das almas de Capella. Fomos consideradas, naqueles tempos longínquos, como indesejadas, nossos irmãos de Ahtilantê estavam evoluindo e nós, por rebeldes, atrapalhávamos – segundo eles, é claro – essa evolução. Mandaram nossas almas para a Terra. Lá, éramos mais sábias do que os humanos de então e nossa missão era ajudá-los em sua própria evolução. Vivemos numa era chamada por eles de “Antiguidade” e fomos parte dos muitos mitos que se criaram então. Eles nos tomavam por Deuses e Deusas, não percebiam que éramos tão humanos quanto eles, apenas mais sábias.

 

Embora sua irmã de sangue, Péteba, vivesse lhe contando velhas histórias terráqueas protagonizadas por elas próprias, Draena não tinha  menor lembrança de nada daquilo. Não se importava em lembrar-se, ainda mais da Terra, porque sabia, no fundo de sua alma, que já vivera ali também, em Ahtilantê, que ali era seu berço, sua casa, sua origem.

 

Ahtilantê era um planeta, então, muito evoluído. Sua alta tecnologia, cada vez mais se miniaturizava. Tinham, implantados em seus corpos, micro artefatos que continham imagens e memórias que eles podiam projetar, em três dimensões, no ar, quando precisavam compartilha-las com alguém. Viajavam pelo espaço em naves feitas de uma mistura de gases com materiais orgânicos, movidas pela energia de suas próprias estrelas, energia essa que conseguiam armazenar, em altíssima concentração, em pequenas “baterias” na forma de pirâmides. Viviam em pequenas comunidades, bem distantes fisicamente umas das outras, que se comunicavam, a qualquer momento, por alguma coisa parecida à WEB dos humanos em seus computadores. A Natureza estava intacta. Havia fauna e flora, como na Terra, e reinava o equilíbrio absoluto entre todos os seres viventes, por saberem-se todos interdependentes. O Amor era livre e independia de gênero. Quando almas se reconheciam com Gêmeas ou Afins, uniam-se naturalmente no prazer e na alegria do sexo, sem sinal de possessividade ou qualquer outro sentimento negativo.

 

Maria Alcina e Selena, que agora viviam em Draena, puderam realizar em Ahtilantê o seu perseguido, na Terra, sonho do Amor Ideal.

 

A vida média dos habitantes de Ahtilantê estava na casa dos 144 anos terrestres, embora seu planeta viajasse, em torno de seus sóis, Capella, em menor tempo do que a Terra viajando em torno do Sol e seus dias e noites tivessem uma duração muito maior do que os dias terrestres.

 

Uma noite, comprida e enormemente estrelada, trouxe um sonho revelador à jovem Draena. Um Deus enorme, com o corpo coberto de escamas e olhos profundos que abrigavam um imenso mar de corpos celestes, dizia a ela: “Nós somos um Celeiro de Almas. Viemos aqui para evoluir e aprender e, depois, nos unirmos a outras almas, em outros mundos onde, sem dúvida, sofreremos e seremos perseguidos apenas porque seremos sábios vivendo entre almas mais jovens e mais ignorantes que nós. Esse é o nosso Destino nesse Universo. Mas existem outros Universos e outras Dimensões. Um dia, os conheceremos. Porém, a Paz que sua alminha linda tanto persegue, jamais existirá. A Paz é a soma dos momentos de paz e felicidade que podemos viver em algumas vidas privilegiadas. Momentos. Nada mais. Como nós também não passamos de momentos, breve fulgir de um raio de luz, entre a Luz Maior que nos guia. E essa Luz nos transporta para tudo aquilo que nos é, ou foi, semelhante”.

 

-- Que droga! – pensou Draena, ao acordar – Isso quer dizer que vou nascer de novo na Terra.

 

2021, setembro, 09


Outras histórias dessa mesma alma: 1. As Cartas não Mentem (dec. 2020) 2. Selena, a da Lua Cheia (São Paulo, 1918) 4. Kieza, a Escrava (império brasileiro)

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